Você já deve ter ouvido falar sobre metástase, certo? Neste artigo, iremos falar sobre a metástase hepática. No entanto, em primeiro lugar, vamos explicar como ocorre este processo, que pode envolver qualquer outro tipo de câncer.
Para melhor compreensão do tema, saiba que a metástase ocorre quando um câncer se espalha para além do local de origem, afetando outras partes do corpo. Ou seja, uma neoplasia se torna metastática quando as células cancerosas se movimentam através dos vasos linfáticos, ou da corrente sanguínea, e se instala em áreas diferentes do organismo.
Boa parte das células anormais, que se desprende e se desloca do órgão em que se originou, acaba morrendo no percurso, sem provocar maiores danos ao organismo. Entretanto, algumas delas conseguem chegar a um novo lugar.
Com isso, pode haver o crescimento de tais células cancerosas e formação de novos tumores, agravando o quadro original de câncer.
A neoplasia pode se espalhar para diferentes partes do corpo, no entanto, é mais comum que ocorram metástases nos ossos, cérebro, pulmões e fígado.
A seguir, vamos conversar especificamente sobre a metástase hepática. Leia o artigo para entender todo o processo da doença.
A metástase hepática é frequente?
Sim. O fígado é um dos principais órgãos acometidos por metástases hematogênicas, isto é, cânceres que se difundem através da corrente sanguínea.
De acordo com estudos, os casos de tumores metastáticos no fígado são vinte vezes mais frequentes, em comparação aos quadros de tumores primários no órgão. Cerca de 40% dos pacientes com tumores extrahepáticos apresentam metástase hepática, quando vão a óbito.
Por que o processo metastático é comum no fígado?
O fígado é uma grande víscera sólida. Aliás, é a maior do organismo e, por isso, recebe elevado fluxo venoso e arterial. Só para se ter ideia, todo o sangue existente na cavidade abdominal passa, obrigatoriamente, pelo órgão.
Essa condição favorece a irradiação de tumores originados no fígado (tumores primários) para outros locais e de outros locais para o fígado (tumores secundários).
Quais são os sítios primários dos tumores metastáticos do fígado?
Os tumores primários que, geralmente, atingem o fígado são os de vesícula biliar, pâncreas, cólon, mama, reto, ovário, pulmões, estômago e rins. O melanoma (lesão maligna na pele e mucosas), além do câncer dos olhos e do sistema nervoso central também podem se espalhar para o órgão.
Como tumores primários chegam ao fígado?
A metástase pode ocorrer de quatro maneiras distintas: por contiguidade, por via linfática, por via arterial hepática ou pela veia porta. A contiguidade se dá quando o tumor primário fica perto do fígado. É o caso dos cânceres da vesícula, duto biliar, cólon e estômago.
Por via linfática, o câncer é disseminado pelos vasos linfáticos, como ocorre com os tumores de pulmão e mama. Pela artéria hepática, o câncer é difundido por via sistêmica, ocorrência comum em tumores pulmonares e melanomas. Já pela veia porta, a metástase chega ao fígado por meio da veia porta, sendo a forma mais comum de metástase hepática.
Como é diagnosticada?
A metástase pode ser identificada junto com a descoberta do câncer, principalmente quando o diagnóstico é feito tardiamente e o tumor já se espalhou. Também pode ser diagnosticado depois do tratamento da lesão tumoral primária, já que células cancerosas podem sobreviver e se espalhar para outras partes. Cumpre acrescentar que o diagnóstico é feito a partir de dados clínicos, exames de imagem e testes laboratoriais.
Os exames laboratoriais incluem a avaliação dos níveis de bilirrubina, fosfatase, gama glutamiltransferase, desidrogenase láctica, etc. As alterações podem sinalizar a ocorrência de infiltração hepática por tumores oriundos de outros locais.
Já os exames de imagem mais úteis no processo diagnóstico são a ultrassonografia, tomografia computadorizada, arteriografia, ressonância nuclear magnética, radio-imunocintilografia, dentre outros.
Como é o tratamento?
O tratamento da metástase hepática deve ser imediato, para aumentar a taxa de sobrevida do paciente. O tratamento de praxe é a ressecção cirúrgica da metástase, que deve ser feita após a eliminação do tumor primário. Esse é o único procedimento potencialmente curativo, já que a quimioterapia, sozinha, não é suficiente para deter o processo metastático.
O sucesso do tratamento depende da extensão da lesão hepática, tipo de tumor primário e condições clínicas do paciente. Terapias complementares consistem no processo quimioterápico local ou sistêmico, hipertermia com uso de radiofrequência e transplante hepático.
Quer saber mais sobre metástase hepática? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como cirurgião do aparelho digestivo no Rio de Janeiro!