O cisto no pâncreas é, pelo menos em tese, um episódio raro. Em tese, porque se trata de uma condição assintomática e na maioria das vezes inócua para o paciente.
Não obstante, com a evolução dos exames de imagem, o diagnóstico do cisto se tornou mais comum, normalmente associado à pesquisa de outras enfermidades. Outro fator a que se atribui o aumento de diagnósticos é o crescimento da população com idade mais avançada.
O pâncreas e o cisto no pâncreas
O pâncreas é um órgão localizado na parte superior ao abdômen, que tem importante função no metabolismo digestivo.
É o pâncreas que produz a insulina, hormônio responsável pelo metabolismo da glicose, o que garante a manutenção dos níveis corretos do açúcar no sangue.
O pâncreas produz uma série de enzimas, cuja função é processar carboidratos, lipídios e proteínas.
Não há uma identificação satisfatória de como e por que se formam os cistos pancreáticos.
O cisto pode evoluir para um câncer?
Em cerca de 80% dos casos identificados, os cistos são totalmente inofensivos. São raras as situações em que os cistos se tornam tumores.
O grande desafio com relação a esse tipo de episódio é que os cistos são assintomáticos. Ao mesmo tempo, sabe-se que podem evoluir para uma condição grave. Alguns benignos possuem características que os tornam suscetíveis a se transformar em malignos. Isso ocorre principalmente com os cistoadenomas mucinosos e os tumores intraductais mucinosos papilares.
Trata-se, portanto, de condição que não causa sintomas. Logo, o diagnóstico de um eventual tumor maligno tende a ser tardio, quando aparecem alguns incômodos, como dor abdominal, náuseas, barriga inchada, vômitos, icterícia, febre e desidratação.
Os cistos são frequentemente diagnosticados durante exames de imagem. Cerca de 80% deles não representam, a princípio, qualquer perigo que justifique uma cirurgia delicada.
O procedimento natural no caso de cistos benignos no pâncreas é acompanhar a evolução deles, mas antes é preciso identificar qual o risco envolvido, o que inclui a realização de exames de imagem, como tomografia, ressonância magnética e ultrassonografia endoscópica. Em alguns casos é necessário avaliar a composição do liquido contido no cisto do pâncreas.
A periodicidade adequada para o acompanhamento de cistos benignos é anual. Cabe ao paciente manter esse controle, mesmo que se tenha em conta que há um número pequeno de casos em que ocorre a evolução para o câncer de pâncreas.
Caso o tumor seja maligno, o tratamento mais comum é a cirurgia. Além disso, as lesões com alto risco de se transformarem em câncer também possuem indicação de cirurgia.
Nesse caso, é preciso que haja uma análise do histórico do paciente, junto a uma avaliação da expectativa do mesmo com o tratamento, uma vez que pode haver complicações decorrentes da cirurgia.
Em resumo, a resposta é que sim, um cisto no pâncreas pode evoluir para um câncer, mas é uma possibilidade remota, que não exclui a necessidade de monitoramento médico.
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